quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Desvios...

Ser mais quando se é todo o inverso do que se deseja. Não estar no melhor de si e querer sentir todas as potências do inacabado. Consumir tudo aquilo que falta. Consumir mesmo só o pedaço do que é. Querer ter a experiência do feio, do caos, do desforme, para sentir todas as forças da natureza que eternamente negamos. Pensar que se evolui também decaindo, beijando o chão, comendo a própria merda...Pensar em não ser para afirmar-se. Evoluindo onde ninguém acha que é estrada. Ir pelo desvio. Ser o próprio desvio...Desmontar toda a falsa aparência que montamos para a realidade. Habitar a irrealidade de que somos feitos. Entrar em crise para criar. Entortar a reta que iludimos o nosso próprio destino.

Um comentário:

Cacau disse...

É como disse Rafaela Teixeira Zorzanelli numa crítica sobre Clarice Lispector - logo quem? - ("Esboços não acabados e vacilantes": despersonalização e experiência subjetiva na obra de Clarice Lispector, Editora Annablume): temos que estar sempre nos despersonalizando e "roçando o inumano" para nos reformularmos... afinal, se não fôssemos dinâmicos, seria mt monótono...