quinta-feira, 28 de junho de 2007

Textura incidental

Hoje acordei sem esperar nenhum momento meu, compreende? O meu desejo de possuir as coisas - se havia - permanecia adormecido. E foi caminhando pelo dia com uma certa ingenuidade preguiçosa que aos poucos ele foi me atraindo através de seus lugares furtivos de sua prática incidiosa.

E foi, aos poucos, roçando os sentimentos que cada acontecimento provocava, desprevenidos e despretenciosos, que percebi a ação do dia sobre mim. Foi lendo e sentindo a sua textura incidental que fiz de mim algo que sozinho e consciente jamais realizaria. E assim, passei a querer ser como o dia, com as coisas a se misturarem num desvelamento inacabado, numa profusão destemida e múltipla a deixar seu rastro no tempo e em cada ser que gradualmente fundava a sua existência.

Havia também interferido na ordem do dia com a minha ingenuidade preguiçosa? Fatalmente. O mundo era o texto que todos, querendo ou não, haviam escrito. Tecendo e destecendo. Dentro e fora do ser. Nos movimentos...

O trabalho de um dia inteiro

Não lembro mais onde ouvi ou li essa história. Sei que ficou na memória. Apenas reproduzo:

Depois de passar o dia inteiro debruçado sobre a escrivaninha, o escritor James Joyce decide mostrar o seu trabalho exaustivo para o seu grande amigo. Este, sempre impressionado com a vasta produção do escritor, no mínimo dez páginas por dia, dessa vez se espanta. Havia nas suas mãos apenas uma folha com uma única linha. O amigo lê, pensa e interroga o amigo:
- Passou o dia inteiro procurando as palavras certas?
- Não. - disse Joyce - As palavras eu já tinha. O que procurei foi a ordenação perfeita, a sua inteira harmonia, numa única frase.

domingo, 24 de junho de 2007

Segunda Fatalidade

Quem dera se para o Amor o sentimento do Amor bastasse.

Primeira Fatalidade

Pensar bem fundo nas coisas, com gravidade, é a minha forma mais sutil de chorar por não saber, às vezes, viver.