quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Questão de gosto?

Se arte fosse somente questão de gosto, gostar ou não gostar, seria uma questão absurda essa minha louca paixão. Se perguntamos ou respondemos no final de um filme ou de um livro se gostamos ou não é apenas questão de hábito e de uma urgência comunicativa. Dizer o que de qualidade depois - imediatamente depois - que se assista a um filme de Antonioni? Dizer o que rapidamente sobre um romance de Clarice Lispector? Nada que seja digno da obra.

E mesmo assim, a arte não se resume ao problema de um gosto particular que se adequa a um certo estilo, a um certo pensamento que lá está exposto. É antes uma problematização. E uma problematização bem produzida, miméticamente produzida, poeticamente produzida. O que está em jogo ali? Que problemas essa obra atravessa? Que imagem é essa que ainda apenas vislumbramos? Talvez essas questões correspondam mais ao processo de experimentação de uma obra de arte. Quanto menos formos na obra com objetivo de "encontrarmos algo" mais saberemos da obra. A experimentação na arte é bem diferente da experiência da ciência.

E também: Um livro não se termina, é apenas simbólico o encerrar de suas páginas. Aquilo que se experimenta ali não diz respeito a um final narrativo ou mesmo vivido. Arte é coisa que se rumina, saboreia, que se deixa ficar dentro da gente sem saber pra que.

Um comentário:

Cacau disse...

bem heideggeriano seu post, hein?

Bjs.