Parece ser da fatalidade tudo aquilo que está atrelado a algum acontecimento, aquilo que é imanente e que não permite fuga. Não confundir a fatalidade com a tragédia. Nem toda fatalidade é trágica. Há uma linha tênue.
Nesse sentido, toda civilização produz a sua doença, a sua barbárie. Toda civilização carrega em si uma fatalidade. Também todo homem. Nós estamos sempre providos de meios para a degradação. Fabricação autêntica, participativa de nosso destino, manufaturada pelas nossas mãos, independente de todo erro e acerto. Não confundir a fatalidade com a tragédia. Em Édipo elas se confundem. No destino trágico sucumbe o homem, o herói, mas há um ganho de humanidade. O homem supera a sua dimensão ao criar para si uma nova consciência sobre a vida. Uma consciência trágica, mas não fatalista. O homem é transformado pela vida.
A nossa civilização não possui ares trágicos. O homem contemporâneo não tem uma dimensão maior de sua vida. Dimensão maior não quer dizer algo metafísico, além mundo. A consciência trágica é e se vale no próprio mundo. Ela é positiva, dá à vida a sua verdadeira medida, se valendo da dor e do limite. Não sei se uma consciência fatalista é positiva. Mas, certamente, possuímos a nossa consciência da fatalidade - será? - que agora mesmo estamos criando. O que ela nos ensina? E quais são as barbáries que fabricamos? O nosso câncer?
terça-feira, 30 de outubro de 2007
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Um comentário:
Você vem falar nisso logo agora que estou descobrindo - sofregamente - que sou uma das criaturas mais fatalistas do mundo? Sempre acho que não tem mais jeito, que é tudo uma bosta mesmo, aos 27 acho que minha vida está no fim e não há o que mudar, enfim...
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