segunda-feira, 2 de julho de 2007

Hora distraída

Foi dentro da hora distraída que o mundo raivou. Não havia como proteger-me. Nenhum apelo podia. O dia já era outro. Aqui dentro uma lucidez trôpega imobilizava. Mas o que explodia? Nada. Estava tudo contido, enrijecido, condensado como um átomo. Não havia como desfazê-lo. O jeito era deixá-lo dentro de mim, um pouco inútil. Será que um dia poderei esquecê-lo? Não. Impossível. O corte cresce dentro da gente fazendo implodir qualquer coisa. A pele cumpre bem o seu papel de maquiar a alma. E então, sabemos que é tolo tentar retornar para um estado sem sofrimento. Num belo dia – de sol ou de chuva – o mundo continua raivando dentro. Quase despercebido. Desesperado.

2 comentários:

Maíra disse...

Andamos mapeando as horas dos dias, qualquer hora boba eu paro diante do reógio e darei nome a cada uma. Fazendo do tempo todo um brinquedo meu.

Anônimo disse...

Muito bom o texto, creio q vivemos compactando, raivas, desejos fingindo q nada aconteceu. parecemos muitas vezes curados, porem a alma muitas vezes ainda sofre.
Grende abraço