Amadureci antes do meio-dia de minha vida.
Vou à rua: é como se não houvesse entes. Sou como o fruto tombado que degenera, carcomido pelos ventos e vermes da razão.
Sem sono ou sonho, como um aleijado fabricante de sua paralisia, rastejo para o deserto dos nunca iludibriados, onde o amor foi sempre a amarga sombra de um verso. Com o sol a corroer-me. Os olhos eternamente dilatados. Com a solidão a abandonar-me, tal qual uma hiena enfastiada que desdenha sua carniça destroçada.
Amadureci antes do meio-dia de minha vida.
Vou à rua: é como se ninguém me visse. Sou como o pombo tropeçado que espera no peito as migalhas da piedade e da debilidade.
Noite cega na qual estou e que não ouso imaginar uma nova aurora. Tateio em ti algo para exorcizar-me o crepúsculo, mas minhas mãos afogadas escorrem na expressão lisa de tua face que, assustada, foge como se sentisse a própria morte - mais escura que a noite -arrebatando-lhe as entranhas do silêncio.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
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